A busca pela aparência perfeita tem adoecido muitas mulheres

Dermatologista Vitória Gandur: "Os riscos de falta de exames minuciosos podem ser inestéticos, e causar danos temporários ou permanentes a saúde"

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nfelizmente nos últimos tempos a mídia vem noticiando com muita frequência a morte de várias mulheres em clínicas estéticas ou até mesmo pela ingestão de chás ditos como emagrecedores. Mas, apesar da ampla divulgação e dos males que a busca pela aparência dita como “perfeita” tem causado nas mulheres tanto fisicamente, quanto psicologicamente, ainda é comum vermos as corridas por soluções rápidas, até mesmo uso excessivo de filtros em redes sociais.

Se de um lado a indústria de cosméticos estimula a busca pela aparência física perfeita e vendem os corpos magros e musculosos como sendo o ideal e saudável, do outro lado temos o uso cada vez maior das redes sociais, que vende o mundo ideal e principalmente um “padrão” de beleza muitas vezes inatingível para a esmagadora maioria das pessoas. E essa “vitrine” está lá a disposição 24 horas por dia, na palma da mão.

“Nas redes sociais temos vários fatores potencializadores dessa busca: grande número de selfies [com aumento da autocrítica], filtros que compelem para uma beleza padronizada e difícil de alcançar, além de uma comparação excessiva com os demais”, observa a médica dermatologista, Vitória Gandur.

Para a médica a procura por um tratamento estético deve ser sempre acompanhado pela preocupação com a saúde em primeiro lugar. Ou seja, evitar a automedicação é uma forma de cuidar da própria disposição física e mental.

“Os riscos da falta de exames minuciosos podem ser inestéticos, e causar danos temporários ou permanentes a saúde”, completa, lembrando que o ideal é buscar a prevenção de forma saudável. “O envelhecimento saudável engloba uma alimentação adequada, a prática de exercício físico e consumo moderado de álcool. Na parte estética, recomendo procedimentos regulares e diversificados para a manutenção de um rosto e corpo bonitos e naturais”, orienta a médica.

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Nunca estar satisfeita e sempre em busca de mudar algo deve ser investigado.

Psicóloga, Rosaly Feliciano: “ Todo excesso esconde uma falta”

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ara a psicóloga, Rosaly Feliciano, o autoconhecimento é fundamental para evitar riscos à saúde. “Saber quais as suas qualidades, seus propósitos e seus limites ajuda a controlar as emoções, e é possível moldar padrões cognitivos e comportamentais”, explica, destacando que o autocuidado é importante e se houver uma oportunidade de mudar algo que incomoda, está tudo bem.

Mas vira um problema quando às idas ao cirurgião plástico são recorrentes e a todo instante está experimentando medicações duvidosas sem uma orientação médica. “Se nunca está satisfeita e sempre está em busca de mudar algo em excesso, é um aspecto que deve ser investigado. É como se não se aceitasse, e a satisfação não fosse possível”, analisa Rosaly.

De acordo com a psicóloga, uma reflexão sobre si mesma pode ajudar quem já percebeu que exagerando. Ela explica que é necessário que cada pessoa “entenda o seu processo, anotando seus sentimentos e como se sente em relação a determinados comportamentos”.

“Dialogar com você, ouvir o pensamento e destrinchá-lo, é um grande passo para o autoconhecimento e, assim quem sabe, reagir aos ‘padrões de corpo ou ser humano perfeito impostos pelas mídias sociais’. Entendendo e separando assim, o que eu quero e preciso do que foi algo alheio as minhas vontades”, orienta.

Por fim, ela explica que uma terapia também permitirá à essa pessoa entender melhor o processo de autoconhecimento e, consequentemente, fortalecer a autoestima e autoconfiança. “E quando falo de autoestima não é na questão da aparência apenas não, pois a aparência é um reflexo do que vem lá de dentro. Lembrando ainda, que segundo as evidências, todo excesso esconde uma falta. Então em terapia é possível trabalhar esses aspectos e melhorar de forma significativa”.

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